Imagens: Reprodução // Montagem: Luan Lima

Opinião: Entre os grandes, apenas em MG o campeão estadual não é dono do melhor futebol

Antes de começar, vale a pena lembrar: não é uma crítica ao MERECIDO título do Atlético, é apenas um sinal de alerta.

Não é segredo para ninguém que nem sempre o melhor time vence, graças a isso surgem as zebras do time que não jogou bem e acaba levando a vitória para casa. Em 2023, a maioria dos grandes estaduais premiaram os times que apresentaram o melhor futebol, mas em Minas Gerais, a história foi diferente.


Gaúcho: com Suárez & CIA, Grêmio leva o 6º título seguido


No sul do país, o Grêmio mandou no campeonato do início ao fim. Um clube que chegou com desconfianças e um elenco reformulado depois do acesso à elite do futebol brasileiro, o tricolor parecia ser “a segunda força” antes do início do estadual, atrás apenas de um Internacional que terminou o Brasileirão na 2ª posição, dando sequência ao trabalho de Mano Menezes. Mas com a chegada do multicampeão uruguaio Luisito Suárez, o Grêmio mudou de patamar e o elenco passou a ser considerado “da mesma prateleira” do maior rival. E o que se viu foi um grande campeonato do Imortal: o Grêmio acabou a primeira fase na liderança, com 9 vitórias e 2 empates em 11 jogos, com 7 pontos à frente do segundo colocado, Internacional, além de vencer o Colorado no Grenal na Arena. No mata-mata, uma dificuldade maior: uma derrota para o Ypiranga na primeira partida da semifinal. Apesar do revés por 2x1, o Grêmio abriu o placar e teve chance de fazer o segundo, mas Luisito Suárez desperdiçou a cobrança de pênalti.Na volta, mais preocupação: o time de Erechim chegou a fazer 1x0. O tricolor manteve a calma e, aplicando seu bom futebol, virou o jogo para 2x1. Placares iguais, disputas de pênaltis. O goleiro Adriel brilhou, defendeu duas cobranças e classificou o Imortal para a final. No início do ano, todos esperavam um Grenal para decidir o título gaúcho, mas a surpresa do campeonato, Caxias, eliminou o Colorado e foi às finais. Na ida em Caxias, 1x1, decisão na Arena do Grêmio. Em casa, o tricolor confirmou o favoritismo, venceu por 1x0 com gol de pênalti do uruguaio Suárez e conquistou seu 42º título estadual, o 6º de forma consecutiva.Luisito Suárez terminou o campeonato como vice-artilheiro, com 7 gols. Atrás apenas do atacante Pedro Henrique, do Internacional, com 8. O mais bizarro é que na reta final, o artilheiro colorado foi colocado no banco de reservas pelo treinador Mano Menezes, inclusive no jogo da eliminação para o Caxias em pleno Beira-Rio.


Paulista: Palmeiras Bicampeão contra a surpresa do campeonato


No Campeonato Paulista, o Palmeiras chegou como o grande favorito: o belo time de Abel Ferreira, atual campeão brasileiro e que está empilhando taças nos últimos anos. Na primeira fase, uma belíssima campanha: 12 jogos, 8 vitórias e 4 empates, o melhor clube da fase de grupos. No mata-mata, vitória por 1x0 contra o bom time do São Bernardo (que havia vencido Corinthians e São Paulo, além de empatar com o Santos). Entretanto, a grata surpresa da primeira fase não conseguiu parar o alviverde comandado por Abel Ferreira, vitória palmeirense por 1x0 e classificação para as semifinais. Na semi, um enfrentamento contra o Ituano, que eliminou o Corinthians nas quartas. Um bom jogo, dominado pelo Palmeiras, mais uma vitória por 1x0 e passaporte carimbado para a disputa do título. Na final, um confronto que ninguém apostaria no início do campeonato: Palmeiras x Água Santa. O time de Diadema foi a grande zebra do campeonato, eliminando o São Paulo nas quartas de final em pleno Morumbi e RB Bragantino na semifinal, na Vila Belmiro. No jogo de ida, em Barueri, ainda mais surpresa: vitória do Água Santa por 2x1, com dois gols do atacante Bruno Mezenga, que acabou na vice-artilharia do campeonato, com 7 gols. Mas entra em ação a velha máxima: “Em casa a gente resolve”. No jogo de volta, Allianz Parque lotado e um Palmeiras cheio de vontade. O Porco mostrou sua força, confirmou o favoritismo (no confronto da final e em todo o campeonato) e venceu por um sonoro 4x0, levando para casa o seu 25º troféu de Campeonato Paulista, o bicampeonato consecutivo.


Carioca: “fLuminense”. Sim, com L maiúsculo


No Rio de Janeiro, o Flamengo começou o ano como favorito a ser campeão estadual: campeão da Copa do Brasil e da Libertadores, o time que seria comandado por Vítor Pereira era, ao lado do Palmeiras, um dos grandes clubes para o ano de 2023. Entretanto, o Flamengo tinha uma pedra no sapato, que poderia dar muito trabalho: Fluminense Football Club. Diferente do que se esperava, o ano do time rubro-negro começou terrível: logo em janeiro, a derrota na Supercopa do Brasil diante do Palmeiras por 4x3. O Primeiro vice do ano. Em fevereiro, mais frustrações: eliminação na semifinal do Mundial após perder para o Al Hilal, da Arábia Saudita, por 3x2. Ainda em fevereiro, o terceiro revés do ano, derrota para o Independiente Del Valle, do Equador, nos pênaltis, e o vice da Recopa Sul-Americana.Apesar de tudo, o início do estadual não foi ruim: Faltando duas rodadas para acabar a primeira fase, o Flamengo estava invicto, e só precisava de mais uma vitória para ser campeão da Taça Guanabara (um “campeonato secundário” dentro do campeonato carioca). Mesmo assim, deu tudo errado: derrota para o Vasco por 1x0 na penúltima rodada e na última rodada, dependendo apenas de um empate, o clube perdeu para o Fluminense de virada por 2x1, e viu o tricolor carioca levantar a Taça Guanabara.Nas semifinais do estadual, confronto diante do Vasco da Gama. Um time reformulado, vindo da Série B, que havia vencido o Fla na primeira fase. Entretanto, o rubro-negro venceu os dois jogos: 3x2 na ida e 3x1 na volta, e vaga garantida na final. Do outro lado, um Fluminense, embalado pelo título da primeira fase e vindo de uma vitória por 7x0 contra o Volta Redonda, surpresa do campeonato que contava com o atacante Lelê, artilheiro do campeonato até o momento.Na primeira partida da final, uma grande atuação do Flamengo, com grande partida do lateral Ayrton Lucas com gol e assistência, e vitória por 2x0. Na volta, o Flamengo foi completamente irreconhecível, enquanto o Fluminense mostrou mais uma vez o seu bom futebol, venceu por 4x1 e conquistou seu 33º título estadual, o bicampeonato seguido em cima do Flamengo.Muito da belíssima campanha do Flu se deve ao incrível início de ano do argentino Germán Cano, que chegou à marca de 16 gols em 13 jogos. O atacante tricolor anotou dois gols no último jogo, que garantiu ao técnico Fernando Diniz, seu primeiro título de maior expressão.


Mineiro: O melhor elenco se sobressaiu ao melhor time


Em Minas Gerais, o Galo era o grande favorito. O atual tricampeão consecutivo, com o melhor elenco, contando com a chegada do treinador Eduardo Coudet. O que se viu na primeira fase, foi a confirmação de tudo isso: O Atlético foi o time de melhor campanha, com 6 vitórias e 2 empates em 8 jogos. Entretanto, os dois empates foram nos clássicos, contra América e Cruzeiro. Enquanto isso, o América acabou com apenas 2 pontos a menos, além de ter vencido o Cruzeiro no confronto em Brasília. Nas semifinais, o Coelho teve vida mais tranquila, venceu a Raposa nos dois jogos: 2x0 na ida e 2x1 na volta. Já o Galo enfrentou muita dificuldade contra o Athletic de São João Del Rei, campeão do interior. No jogo de ida, vitória do Esquadrão de Aço por 1x0, além de Hulk desperdiçar uma cobrança de pênalti. Na volta, mais um jogo apagado do Atlético, mas brilha a estrela do craque, 1x0 com gol de Hulk e vaga garantida na final do estadual.Na final, Clássico das Multidões, as finais que todos esperavam no início do campeonato. Na primeira partida, com mando de campo do América, o Galo entrou simplesmente avassalador: logo com 20 minutos abriu 2x0, com gols das surpresas escaladas por Coudet: Pavón e Hyoran. Parecia estar tudo encerrado, entretanto o argentino Martín Benítez entrou em ação, fez dois gols e empatou a partida. Logo após o empate, Hulk teve a chance de fazer o 3x2, mas desperdiçou mais uma cobrança de pênalti (a segunda seguida). Mas quem tem craque nunca fica a pé, e no último lance do jogo, “O Super Herói Alvinegro” entrou em ação e garantiu a vitória atleticana por 3x2, aumentando a vantagem do Galo.Entre os dois jogos da final, pausa no estadual para os compromissos internacionais. Na estreia pela Sul-Americana, o América conseguiu uma das maiores vitórias da história: 4x1 diante do gigante Peñarol-URU. No dia seguinte, o Galo foi mal e perdeu para o Libertad-PAR em pleno Mineirão, pela Copa Libertadores. Além do revés em campo, o técnico Eduardo Coudet fez duras críticas à diretoria e até mesmo à torcida durante sua entrevista coletiva, que ainda reverbera uma possível saída do comando técnico do Galo. Com isso, o Atlético chegava para a final em crise, enquanto o Coelho chegava embalado após golear um pentacampeão da América.No jogo de volta, mais uma vitória do Galo. Hulk, o craque do time, resolveu mais uma vez. Vitória por 2x0, com dois gols do camisa 7, que acabou como artilheiro do campeonato, com 11 gols em 11 jogos, e o Galo garantiu seu 48º estadual, sendo campeão mineiro pelo 4º ano consecutivo.


Onde entra o alerta?


Apesar de ter sido campeão e ter jogado melhor nas finais, o galo não foi o melhor time do campeonato. O América se mostrou coletivamente melhor que o Atlético e seria completamente compreensível caso o título ficasse com o time alviverde. O trabalho do técnico Vagner Mancini, que vem de temporadas anteriores, se mantém cada vez mais sólido. Em contrapartida, o Galo está devendo boas atuações neste início do ano. A matéria na verdade não é uma crítica ao merecido título do Galo, que foi o melhor time da primeira fase, campeão com seus méritos e ano a ano confirmando sua hegemonia como maior campeão mineiro. Mas o Atlético ainda não jogou todo o futebol que pode render em 2023 e até agora não apresentou uma partida 100% convincente para seus torcedores.Essa análise não quer dizer que o Galo larga atrás dos outros clubes, pois os estaduais não servem de parâmetro para os grandes campeonatos. Tudo isso serve para “acender a luz amarela”, como sinal de alerta, pois o Atlético já começou a fase de grupos da Copa Libertadores com derrota e a estreia na Copa do Brasil está próxima. O Galo tem muito potencial e um treinador excelente, mas é preciso “arrumar a casa”, amenizar os problemas internos depois da coletiva do Chacho Coudet e fazer o elenco render tudo o que pode, para enfim poder brigar pelos grandes títulos em 2023.


Por: Luan Lima

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